Federação Paulista de Kendô comemora 40 anos de fundação
Arte marcial japonesa desenvolvida a partir das técnicas tradicionais de combate com espadas dos samurais do Japão feudal, o Kenjutsu, o kendô ainda é uma modalidade pouco conhecida no Brasil, mas que vem conquistando cada vez mais adeptos. Estima-se que, atualmente, existem cerca de mil praticantes registrados apenas no Estado de São Paulo. E a preservação e difusão do kendô no país está diretamente relacionada à fundação da Federação Paulista de Kendô, que apesar de ter sido fundada em 1º de agosto de 1981, celebrou seu 40º aniversário no último dia 15, com um Jantar para autoridades, dirigentes e professores no salão nobre do Bunkyo – Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social, no bairro da Liberdade, em São Paulo.
Estiveram presentes o presidente da FPK, Jony Sugo; o presidente da Confederação Brasileira de Kendô, Tadao Ebihara; o presidente da Confederação Latino-Americana de Kendô, Wilson Otsuka; o cônsul geral do Japão em São Paulo, Ryosuke Kuwana; o presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa; o representante chefe da Jica Brasil (Japan International Cooperation Agency), Masayuki Eguchi; o diretor-presidente da Japan External Trade Organization (Jetro), Hiroshi Hara; o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Trabalho e Turismo de São Bernardo do Campo, Hiroyuki Minami; o professor Mário Maeda Júnior, diretor do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP); o presidente do Conselho Deliberativo do Nippon Country Club, Valter Sassaki e o presidente da Fundação Kunito Miyasaka, Roberto Nishio, além de professores e atletas.
Orgulho – Apesar de ainda pouco conhecido no Brasil, a história do kendô no país tem origem com a vinda dos primeiros imigrantes, em 1908, conforme bem lembrou o cônsul Ryosuke Kuwana em seu discurso de saudação. “No Kasato Maru, que trouxe os primeiros imigrantes, estavam o senhor Tokutaro Haga, instrutor de kendô da polícia japonesa que junto com seus equipamentos de kendô, embarcou para o Brasil e, ainda no navio, realizou o primeiro campeonato entre os imigrantes”, disse o cônsul, acrescentando que “é motivo de muito orgulho observar que, apesar das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes e seus descendentes, os ensinamentos e a prática do kendô têm sido transmitidos através das gerações”.
Legado – Segundo ele, a preservação desse legado não só impulsionou o crescente interesse e a criação de muitos dojos (academias) pelo Estado de São Paulo como também fomentou a fundação da Federação Paulista de Kendô, em 1981. “A partir de então, a FPK tem se dedicado na difusão dessa tradicional arte japonesa e a promoção do intercâmbio humano entre o Brasil e o Japão, possibilitando que o kendô ocupe hoje uma posição muito relevante de arte marcial admirada não somente no meio nipo-brasileiro mas também na sociedade brasileira como um todo”, destacou o cônsul, explicando que, “muito além do fortalecimento e das habilidades físicas, os ensinamentos de kendô englobam também os princípios de disciplina, cultivo de honestidade e respeito ao próximo, promovendo o equilíbrio, a paz e a evolução espiritual de seus praticantes, princípios amplamente valorizados na cultura japonesa”.
Atual presidente da FPK, Jony Sugo lembrou que a data era para ter sido celebrada no ano passado, mas foi adiada para este ano por conta da pandemia. Como a celebração caiu justamente no dia em que é comemorado o Dia do Professor, ele dedicou a festa a todos os senseis que tocam as 28 academias filiadas à FPK. E, apesar de uma ligeira diminuição do número de seus alunos – as atividades estão sendo retomadas agora – destacou que “o mais importante é o prazer de ensinar”.
Senseis abnegados – Presidente do Bunkyo, Renato Ishikawa disse que o kendô aprimora não só a técnica como também eleva o espírito de quem o pratica. “Ao longo desses 114 anos da trajetória dos imigrantes japoneses, o kendô e outras marciais tiveram grande penetração na sociedade brasileira e exercem importante papel na formação moral, ética de seus cidadãos. Sem dúvida, esse é um dos importantes legados dos nossos pioneiros para a nossa comunidade e para a nossa sociedade. Para tanto, ainda hoje contamos com a dedicação incondicional dos abnegados senseis que nas horas de folga se dedicam ao treinamento e a prática do caminho da artes marciais”, disse Ishikawa, afirmando que o kendô é praticado atualmente em 69 países ao redor do muno, mas reconhece o Brasil o local em que a prática é mais apurada e que confere ao senhor Tadao Ebihara, presidente da CBK, assento entre os seis dirigentes máximos da modalidade a nível internacional”.
Voluntários – Já Masayuki Eguchi contou que, entre as 27 áreas de esporte oferecidas pela Jica na modalidade voluntários, “o kendô é um do mais procurados a nível mundial”. Segundo ele, por meio da CBK, a Jica enviou até hoje 37 voluntários para a FPK desde 2016. “Desse total, 2 foram voluntários de longo prazo e os demais 35 foram voluntários de curto prazo”, destacou Eguchi, revelando que em janeiro de 2023 a Jica enviará novamente um voluntário de kendô para a Federação Paulista.
Tamaki – Presidente da Confederação Latino-Americana, Wilson Otsuka disse que a fundação da entidade latino-americana, em 2008, se deve à criação da FPK. “Foi a partir da criação da Federação Paulista de Kendô, há 41 anos, que o kendô passou a ser reconhecido pelos governos e pela Federação Internacional. Por isso, o kendô na América Latina que eu represento tem todo o sentimento de gratidão à FPK. Para isso muita gente contribuiu, um grupo de pessoas que ao longo desses 41 anos, saindo aqui do Estado de São Paulo, foi espalhando o kendô pelo Brasil todo”, destacou Otsuka, que fez questão de citar o sensei Tadashi Tamaki que, na América Latina, por onde passa ainda é lembrado. “Fundador e primeiro presidente da FPK, fundador e primeiro presidente da CBK, fundador e primeiro presidente da Confederação Sul-Americana, e fundador e primeiro presidente da Confederação Latino-Americana. Por tudo isso é possível ver o quanto ele se dedicou. Nossos parabéns a todas aquelas pessoas que o seguiram e contribuíram para a construção do kendô no país”, finalizou Wilson Otsuka.
Após os discursos, a Federação Paulista de Kendô homenageou os ex-presidentes Constantino Victor Papadupulu Messinis, Wilson Otsuka e Ciutoco Kogima. Coube ao presidente da CBK, Tadao Ebihara, comandar o brinde.
A programação dos 40 anos continuou no domingo, 16, com a realização do Campeonato Paulista no Ginásio de Esportes do Bunkyo.
(Aldo Shiguti)