Japão tem a maior onda de calor no mês de junho, a pior em quase 150 anos

As pessoas se protegem do sol ao máximo para evitar insolação (Fotos: Silvio Mori)

 

Brasileiros dizem que o verão no Japão é diferente do Brasil, chega a ser mais quente

 

(Por Silvio Mori, especial para o Nippon Já)

O Japão registrou por quatro dias as mais altas temperaturas no mês de junho, algo diferente dos últimos anos. Em Tóquio, os termômetros tiveram registros próximo a 40 graus, um novo recorde de clima quente neste mês na capital do país, desde que os registros começaram em 1875.

Para muitos brasileiros, as elevadas temperaturas e o sol forte do Japão tem muita diferença comparado com o mesmo clima no Brasil. A maioria afirma que o calor no arquipélago japonês chega a ser mais forte e intenso.

O nikkei Renan Oda, 27 anos, veio da região norte do Brasil, quando chegou ao outro lado do mundo no comecinho do inverno em 2019, escutou comentários de que o verão no Japão era horrível, mas não acreditava. “Eu sempre respondia que sou de Belém do Pará, e o verão daqui não poderia ser pior que lá, pois a região norte é bem quente”, disse.

Renan Oda veio de Belém do Pará e revela que o calor do Japão é mais forte

 

Quando chegou o verão, o primeiro em solo japonês, Renan teve a comprovação dos comentários e sentiu a diferença entre o calor do Brasil e do Japão. “Eu pude sentir o quão horrível é o verão aqui. É um calor úmido, então acaba se tornando muito pior. Em Belém, faz calor, porém, bate um ventinho e não é abafado. Ao contrário do Japão, que é abafado e dificilmente tem vento”, comentou.

No mês de junho, as temperaturas não sobem excessivamente e há um período de chuvas em boa parte do Japão, o que foi totalmente diferente este ano. “Nesses quase três anos morando no Japão, esse está sendo o pior verão. Essa semana a sensação térmica bateu 45°C. Nos outros anos lembro de atingir essa temperatura somente em agosto”, conta Renan Oda.

De acordo com a NHK, no dia primeiro de julho, várias cidades registraram temperaturas acima dos 40°C. Em Kiryu, na província de Gunma, teve máxima de 40, 4°C, em Koshu na província de Yamanashi 40,3°C e em Tajimi, na província de Gifu, os termômetros marcaram 40°C.

Governo emite alerta de contenção para evitar apagões

A onda de calor fez com que o governo de Tóquio emitisse um alerta de contenção do uso de energia, para evitar apagões na capital e em outras províncias. As autoridades pediram para que os cidadãos reduzem o uso de energia ao máximo possível até setembro, quando as temperaturas começam a cair em todo o país. Apesar da solicitação, o governo disse para que todos usassem o ar-condicionado para se refrescar, devido a insolação e hipertermia.

A brasileira Sayuri Maeda, 35, residente em Ikebukuro, distrito de Tóquio, disse que o pedido é contraditório e não consegue entender o pedido. “Eu vi pela televisão o pedido e ao mesmo tempo falando para usarmos o ar-condicionado, que gasta muita energia, coisa de japonês mesmo”, disse.

No famoso cruzamento de Shibuya, em frente a estação de trens, a iluminação de vários prédios foi desligada, em alguns prédios escadas rolantes também foram desativadas e escritórios funcionaram no escuro, tudo para economizar no consumo de energia.

“Devido às altas temperaturas recordes, tivemos em junho uma demanda (de energia) quase igual aos níveis de pico do verão, antes de reunir recursos de abastecimento suficientes. É por isso que as coisas ficaram apertadas”, disse um funcionário do Ministério da Economia, Comércio e Indústria (METI) em entrevista a repórteres na Capital do Japão.

Insolação e Hipertermia – Com o sol brilhando forte em todo o Japão, as internações por insolação ou hipertermia aumentaram em todo o país. No mês de junho, mais de cinco mil pessoas foram hospitalizadas e 11 morreram por causa do calor.

Segundo uma pesquisa realizada pela Inspetoria Médica Metropolitana de Tóquio, a maioria das pessoas que morreram por conta do calor estavam em ambientes fechados, sem ventilação ou com o ar-condicionado desligado.

Os registros por hipertermia e isolação apontaram que que quase 1700 pessoas estavam em suas residências, mais de 800 estavam em locais abertos, outras que somam mais de mil pessoas estavam em locais amplos e em serviços ao ar livre, como “gemba” e construções.

As temperaturas devem diminuir no começo deste mês, com a expectativas de chuvas fortes, vindas com a aproximação de tufões, bastante comum nesta época do ano, em todo o Japão.

 

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